Nas bifurcações do quotidiano há léguas de marés suspensas Papéis em branco Desdobráveis declamados no vento pela rua Ditos em tréguas petrificadas Lâminas a esvair-se languidamente sem nada a desejar
Nas bifurcações do quotidiano Perdemos de vista as galáxias Ensombradas por nuvens imprevisíveis A anos-luz de distância
Talvez um caminho se escreva nas pétalas da manhã Talvez um caminho se abra nas asas do arvoredo Talvez um caminho siga nos trilhos do vento cantante Talvez as águas ciciantes se lembrem de me sussurrar o caminho
Há quem se olhe demoradamente ao espelho... a imagem nele reflectida é que nem sempre corresponderá à realidade. Umas vezes poderá ser deveras favorecida e outras precisamente o contrário... é bom que tenhamos algum cuidado ao analisar a imagem daí resultante.
Há distâncias forjadas Tão mar Habitáculos de cardos E ervas salgadas Águas em fogo Areias de gelo Pássaros calados Tão noite Tão sede Tão saudade…
Mas haverá ainda manhãs Tão mar De sítios tranquilos Radiantes De flores E perfumes. E das pedras sairão fontes Onde os pássaros feridos Se hão-de banhar.