segunda-feira, 11 de março de 2024

O Poço



Há alturas assim...
que nem posso,
outras,
que nem água no poço

domingo, 10 de março de 2024

Onde moram cagarros e ganhoas



Ainda um breve olhar...
para lá do mar... perto da lua. 
Onde moram cagarros e ganhoas... 
sonhos e poemas 
esculpidos em lava 
escorridos no vento 
embrulhados em bruma 
retidos no sentimento.

sábado, 9 de março de 2024

Desenho a Carvão



Desenho a carvão o negro da terra queimada.
Nem lágrimas sobram para te regar
Pobre barco encalhado
Que não te fizeste ao largo.
As cinzas são-te espalhadas em sombras
Manchas negras pelos campos
Outrora verdejantes
Poalha que o tempo almeja reacender em chama viva
Mas que a penas alastra como chaga
Já sem sangue para verdejar.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

Sabor a Sal

Salgado

Não se constrói uma casa pelo telhado... 
mas é, quase sempre, pelo telhado que ela se destrói.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Tão Mar



Há distâncias forjadas
Tão mar
Habitáculos de cardos
E ervas salgadas
Águas em fogo
Areias de gelo
Pássaros calados
Tão noite
Tão sede
Tão saudade…

Mas haverá ainda manhãs
Tão mar
De sítios tranquilos
Radiantes
De flores
E perfumes.
E das pedras sairão fontes
Onde os pássaros feridos
Se hão-de banhar.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Bola de Cristal



A aldeia aprisionada num esotérico submundo
Globo ocular à espreita da cidade exotérica
É verdade abafada de mentira
Extemporâneo entulho esférico
Frustrâneo dióspiro
Incomestível
Imperceptível forma de moléstia
Praga sem modéstia que não parte
Nem reparte

E dói o ritual
Ofício doloso
Numa bola de cristal

terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Utopias



Ai, quantas vezes
Ai quantas
O Amor 
A amizade
A fraternidade
São lâmpadas fundidas
Num emaranhado de fios...
Ai quantas!


sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

Asas ao Sol


(Foto - créditos JPOR https://olhares.com/JPORamos)

Quando o sol se faz poema
Apetece espanejar as asas
Num adejar lento
Não vá o mistério acordar

quarta-feira, 8 de novembro de 2023

Do Fundo do Olhar


Do fundo do olhar um abismo
Espreita
Uma bolha de pão
Uma bola de ar
Asas de condor

Do fundo do olhar um ninho
Sem cor
De ave ferida
Um resto de alento
Num sopro de vida

Do fundo do olhar um rio
Submerso
Leito assombrado
De seixos vadios
Em água poluída

Do fundo do olhar um mar
À solta
Um barco sem leme
Uma onda esvaída
Numa praia deserta

Do fundo do olhar
Uma porta
Fechada

poderá também gostar de: