Não sei o que prende o mar Que movimentos o encerram Para se agitar assim Que tormentos Que sofrimentos tão vis Que lhe arrancam lamentos E o movem a dura servis
Não sei o que o tem cativo Que enleios traz em si…
Debaixo da ponte correm pedras Natureza morta Que mata Pousio bravo Obstáculo de tropeço e arremesso Oceano irracional Pedestal sombrio Catedral do vazio Abismo Penedos pontiagudos Pedregulhos Areias e Seixos Calhaus Correm pedras debaixo da ponte
Fui perguntar às rochas O que sentem Quando o mar as abraça
Disseram-me Que sentem arrepios molhados Pois que o mar é irrequieto E lhes dá beijos salgados Que ora as veste de espuma branca Ora as despe enamorado
Sentem-se amadas por ele E outras vezes odiadas Quando ele as prende e as força Com os seus braços pesados Sem ter remorso nem dor Em abraços agitados A ceder ao seu amor