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quarta-feira, 8 de novembro de 2023

Do Fundo do Olhar


Do fundo do olhar um abismo
Espreita
Uma bolha de pão
Uma bola de ar
Asas de condor

Do fundo do olhar um ninho
Sem cor
De ave ferida
Um resto de alento
Num sopro de vida

Do fundo do olhar um rio
Submerso
Leito assombrado
De seixos vadios
Em água poluída

Do fundo do olhar um mar
À solta
Um barco sem leme
Uma onda esvaída
Numa praia deserta

Do fundo do olhar
Uma porta
Fechada

sábado, 1 de janeiro de 2022

Navegar é necessário

      in: Horta, Faial
Navegar é necessário

Viver não é perfeito
Nem claro
É tantas vezes com defeito
E bem turvo e escuro

Há que saber levar o barco direito
Aprendendo bem a remar a porto seguro
Para que não oscile demasiado e nos afunde

Pois é frágil a embarcação
Em mares de altas e bravas vagas
Que a podem fazer soçobrar

E caudalosos são os rios que nos percorrem
Desaguando em maré escura
Que pinta de noite a praia
Dor a acordar da inocência dos barcos de papel

Mas que não se esquivem os sonhos
Alavancas que nos desencravam as engrenagens maltratadas pela vida

Navegar é necessário

quarta-feira, 2 de junho de 2021

Vácuo

Só o vazio do espaço por contar

Nem brisa
Nem aves

Só um manto de silêncio sem dor
Nem tristeza
Nem alegria
Nem fadiga

Só a lembrança vadia sem tortura
Nem nuvem
Nem tormenta

Nem maré
Nem barca
Nem remo
Só a sede da vela ao longe por erguer

Sem praia
Sem rio
Sem fonte

Só o vácuo do vento na torneira por abrir
E fechar

(Poema publicado originalmente a 18/08/2012 no meu blogue Nuvens de Orvalho (apagado), e aqui agora readaptado)

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Correntes



Não sei o que prende o mar
Que movimentos o encerram
Para se agitar assim
Que tormentos
Que sofrimentos tão vis
Que lhe arrancam lamentos
E o movem a dura servis

Não sei o que o tem cativo
Que enleios traz em si…

Mas há correntes que agarram o mar

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Correm pedras debaixo da ponte



Debaixo da ponte correm pedras
Natureza morta
Que mata
Pousio bravo
Obstáculo de tropeço e arremesso
Oceano irracional
Pedestal sombrio
Catedral do vazio
Abismo
Penedos pontiagudos
Pedregulhos
Areias e Seixos
Calhaus
Correm pedras debaixo da ponte

segunda-feira, 20 de junho de 2011

O mar e as rochas



Fui perguntar às rochas
O que sentem
Quando o mar as abraça

Disseram-me
Que sentem arrepios molhados
Pois que o mar é irrequieto
E lhes dá beijos salgados
Que ora as veste de espuma branca
Ora as despe enamorado

Sentem-se amadas por ele
E outras vezes odiadas
Quando ele as prende e as força
Com os seus braços pesados
Sem ter remorso nem dor
Em abraços agitados
A ceder ao seu amor

sábado, 21 de maio de 2011

Momentos

Dia cinzento

Há dias cinzentos em que as lágrimas brilham o que o sol nos esconde.

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