segunda-feira, 16 de setembro de 2024
Ferida Aberta
Bradam ao céu espinhos
Uma floresta de dores
Por dentro da janela escancarada
Um mundo alheio a tudo
E recheado de nada
Moldura de vento silente
Murmúrio cansado e dolente
Aroma de rosas bravias
Na esquina aguda do tempo
Que passa a rasgar os dias
domingo, 15 de setembro de 2024
sábado, 14 de setembro de 2024
Bola de Cristal
A aldeia aprisionada num esotérico submundo
Globo ocular à espreita da cidade exotérica
É verdade abafada de mentira
Extemporâneo entulho esférico
Frustrâneo dióspiro
Incomestível
Imperceptível forma de moléstia
Praga sem modéstia que não parte
Nem reparte
E dói o ritual
Ofício doloso
Numa bola de cristal
sexta-feira, 13 de setembro de 2024
Espelhos
quinta-feira, 12 de setembro de 2024
Entre Gaivotas
quarta-feira, 11 de setembro de 2024
Bifurcações
Nas bifurcações do quotidiano há léguas de marés suspensas
Papéis em branco
Desdobráveis declamados no vento pela rua
Ditos em tréguas petrificadas
Lâminas a esvair-se languidamente sem nada a desejar
Nas bifurcações do quotidiano
Perdemos de vista as galáxias
Ensombradas por nuvens imprevisíveis
A anos-luz de distância
terça-feira, 10 de setembro de 2024
Do Fundo do Olhar
Do fundo do olhar um abismo
Espreita
Uma bolha de pão
Uma bola de ar
Asas de condor
Do fundo do olhar um ninho
Sem cor
De ave ferida
Um resto de alento
Num sopro de vida
Do fundo do olhar um rio
Submerso
Leito assombrado
De seixos vadios
Em água poluída
Do fundo do olhar um mar
À solta
Um barco sem leme
Uma onda esvaída
Numa praia deserta
Do fundo do olhar
Uma porta
Fechada
segunda-feira, 9 de setembro de 2024
Espelho
Escorrem poemas
Momentos de água
Deslizando em fendas
Talhadas a par e passo
Podem acordar os pássaros
Aprisionados no espelho
Soltarem-se do rio
Os doirados das nuvens
Do fundo das muralhas
Labaredas azuis
Que nas horas escuras ou leves
Imensas ou breves
Entre charcos e bordados
Palavras e pedras
Versos e pétalas
Há um espelho que nos reflecte
domingo, 8 de setembro de 2024
Pesadelos
Neste país
Muito se diz
Muito se escreve
Pouco se estuda
Pouco se aprende
Pouco se conjuga
Pouco se concerta
Tudo se sabe
Tudo se dita
Tudo se debita
Pouco se acerta
sábado, 7 de setembro de 2024
E eu caminho
sexta-feira, 6 de setembro de 2024
Tão Mar
Há distâncias forjadas
Tão mar
Habitáculos de cardos
E ervas salgadas
Águas em fogo
Areias de gelo
Pássaros calados
Tão noite
Tão sede
Tão saudade…
Mas haverá ainda manhãs
Tão mar
De sítios tranquilos
Radiantes
De flores
E perfumes.
E das pedras sairão fontes
Onde os pássaros feridos
Se hão-de banhar.
quinta-feira, 5 de setembro de 2024
quarta-feira, 4 de setembro de 2024
Asas ao Sol
terça-feira, 3 de setembro de 2024
Musicando o horizonte
O horizonte precisa da música das ondas
em preguiçoso espraiar
para ser tocado em escala de sol e vagar
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