quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Bifurcações



Nas bifurcações do quotidiano há léguas de marés suspensas
Papéis em branco
Desdobráveis declamados no vento pela rua
Ditos em tréguas petrificadas
Lâminas a esvair-se languidamente sem nada a desejar

Nas bifurcações do quotidiano
Perdemos de vista as galáxias
Ensombradas por nuvens imprevisíveis
A anos-luz de distância

terça-feira, 10 de setembro de 2024

Do Fundo do Olhar


Do fundo do olhar um abismo
Espreita
Uma bolha de pão
Uma bola de ar
Asas de condor

Do fundo do olhar um ninho
Sem cor
De ave ferida
Um resto de alento
Num sopro de vida

Do fundo do olhar um rio
Submerso
Leito assombrado
De seixos vadios
Em água poluída

Do fundo do olhar um mar
À solta
Um barco sem leme
Uma onda esvaída
Numa praia deserta

Do fundo do olhar
Uma porta
Fechada

segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Espelho



Escorrem poemas
Momentos de água
Deslizando em fendas
Talhadas a par e passo

Podem acordar os pássaros
Aprisionados no espelho
Soltarem-se do rio
Os doirados das nuvens
Do fundo das muralhas
Labaredas azuis

Que nas horas escuras ou leves
Imensas ou breves
Entre charcos e bordados
Palavras e pedras
Versos e pétalas
Há um espelho que nos reflecte

domingo, 8 de setembro de 2024

Pesadelos

estuda(-)ses

Neste país
Muito se diz 
Muito se escreve
Pouco se estuda
Pouco se aprende
Pouco se conjuga
Pouco se concerta
Tudo se sabe
Tudo se dita
Tudo se debita
Pouco se acerta

sábado, 7 de setembro de 2024

E eu caminho



Talvez um caminho se escreva nas pétalas da manhã
Talvez um caminho se abra nas asas do arvoredo
Talvez um caminho siga nos trilhos do vento cantante
Talvez as águas ciciantes se lembrem de me sussurrar o caminho

E eu caminho...

Talvez o caminho se erga

sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Tão Mar



Há distâncias forjadas
Tão mar
Habitáculos de cardos
E ervas salgadas
Águas em fogo
Areias de gelo
Pássaros calados
Tão noite
Tão sede
Tão saudade…

Mas haverá ainda manhãs
Tão mar
De sítios tranquilos
Radiantes
De flores
E perfumes.
E das pedras sairão fontes
Onde os pássaros feridos
Se hão-de banhar.

quinta-feira, 5 de setembro de 2024

Onde moram cagarros e ganhoas



Ainda um breve olhar...
para lá do mar... perto da lua. 
Onde moram cagarros e ganhoas... 
sonhos e poemas 
esculpidos em lava 
escorridos no vento 
embrulhados em bruma 
retidos no sentimento.

quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Asas ao Sol


(Foto - créditos JPOR)

Quando o sol se faz poema
Apetece espanejar as asas
Num adejar lento
Não vá o mistério acordar

terça-feira, 3 de setembro de 2024

Musicando o horizonte

tocando o horizonte

O horizonte precisa da música das ondas
em preguiçoso espraiar
para ser tocado em escala de sol e vagar

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