terça-feira, 22 de outubro de 2024
E eu caminho
Talvez um caminho se escreva nas pétalas da manhã
Talvez um caminho se abra nas asas do arvoredo
Talvez um caminho siga nos trilhos do vento cantante
Talvez as águas ciciantes se lembrem de me sussurrar o caminho
E eu caminho...
Talvez o caminho se erga
segunda-feira, 2 de setembro de 2024
Espelhos
domingo, 1 de setembro de 2024
Tão Mar
Há distâncias forjadas
Tão mar
Habitáculos de cardos
E ervas salgadas
Águas em fogo
Areias de gelo
Pássaros calados
Tão noite
Tão sede
Tão saudade…
Mas haverá ainda manhãs
Tão mar
De sítios tranquilos
Radiantes
De flores
E perfumes.
E das pedras sairão fontes
Onde os pássaros feridos
Se hão-de banhar.
sexta-feira, 30 de agosto de 2024
Espelho
Escorrem poemas
Momentos de água
Deslizando em fendas
Talhadas a par e passo
Podem acordar os pássaros
Aprisionados no espelho
Soltarem-se do rio
Os doirados das nuvens
Do fundo das muralhas
Labaredas azuis
Que nas horas escuras ou leves
Imensas ou breves
Entre charcos e bordados
Palavras e pedras
Versos e pétalas
Há um espelho que nos reflecte
quarta-feira, 1 de maio de 2024
Do Fundo do Olhar
Do fundo do olhar um abismo
Espreita
Uma bolha de pão
Uma bola de ar
Asas de condor
Do fundo do olhar um ninho
Sem cor
De ave ferida
Um resto de alento
Num sopro de vida
Do fundo do olhar um rio
Submerso
Leito assombrado
De seixos vadios
Em água poluída
Do fundo do olhar um mar
À solta
Um barco sem leme
Uma onda esvaída
Numa praia deserta
Do fundo do olhar
Uma porta
Fechada
sábado, 22 de abril de 2023
Quase Oração
Desfilo quase oração
como esteiro enigmático,
claro e escuro,
de ruídos silenciosos,
em que desaguo, tantas vezes,
os rios tempestuosos que me percorrem.
Fragilidade feita força
para que não naufrague o barco
em mares de vagas bravas.
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023
Escuta
O verde quebrado do lago
Manso e prateado
Onde mergulho os meus olhos
Quais asas na brisa pousadas
Solta silêncios alados
Ecos perdidos soprados no sol
Que flores de muitas cores
Provocam insectos a mirar
E perfumam de olor e vida e calor
A voz cala-se às reentrâncias
Da luz ao bordejar das margens
Os sons repousam
E é o silêncio que se faz verbo
Escuta...
Sssschhiiiiu...!
(Poema publicado originalmente a 18/01/2011 no meu blogue Nuvens de Orvalho (apagado), e agora aqui readaptado)
terça-feira, 30 de agosto de 2022
Petrificação
Rosto toldado
Olhar branco
Praia selvagem
Beleza ferida
De céu nublado
Gritos mudos
Sombra agreste
Muro que barra passagem
Horizonte magoado
Breve aragem levadiça
Porta ao fundo quebradiça
Interior incerteza
Chuva sedenta de pão
Vento espelhado na alma
Pardacenta noite de verão
Embaciados sentidos
Passos colados ao chão
...
Revoltem-se as águas
Reme-se contra a maré
E novos horizontes nasçam
sábado, 1 de janeiro de 2022
Navegar é necessário
in: Horta, Faial
Viver não é perfeito
Nem claro
É tantas vezes com defeito
E bem turvo e escuro
Há que saber levar o barco direito
Aprendendo bem a remar a porto seguro
Para que não oscile demasiado e nos afunde
Pois é frágil a embarcação
Em mares de altas e bravas vagas
Que a podem fazer soçobrar
E caudalosos são os rios que nos percorrem
Desaguando em maré escura
Que pinta de noite a praia
Dor a acordar da inocência dos barcos de papel
Mas que não se esquivem os sonhos
Alavancas que nos desencravam as engrenagens maltratadas pela vida
Viver não é perfeito
Nem claro
É tantas vezes com defeito
E bem turvo e escuro
Há que saber levar o barco direito
Aprendendo bem a remar a porto seguro
Para que não oscile demasiado e nos afunde
Pois é frágil a embarcação
Em mares de altas e bravas vagas
Que a podem fazer soçobrar
E caudalosos são os rios que nos percorrem
Desaguando em maré escura
Que pinta de noite a praia
Dor a acordar da inocência dos barcos de papel
Mas que não se esquivem os sonhos
Alavancas que nos desencravam as engrenagens maltratadas pela vida
Navegar é necessário
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