domingo, 3 de agosto de 2025

Desenho a Carvão



Desenho a carvão o negro da terra queimada.
Nem lágrimas sobram para te regar
Pobre barco encalhado
Que não te fizeste ao largo.
As cinzas são-te espalhadas em sombras
Manchas negras pelos campos
Outrora verdejantes
Poalha que o tempo almeja reacender em chama viva
Mas que a penas alastra como chaga
Já sem sangue para verdejar.

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Musicando o horizonte

tocando o horizonte

O horizonte precisa da música das ondas
em preguiçoso espraiar
para ser tocado em escala de sol e vagar

terça-feira, 29 de julho de 2025

Correm pedras debaixo da ponte



Debaixo da ponte correm pedras
Natureza morta
Que mata
Pousio bravo
Obstáculo de tropeço e arremesso
Oceano irracional
Pedestal sombrio
Catedral do vazio
Abismo
Penedos pontiagudos
Pedregulhos
Areias e Seixos
Calhaus
Correm pedras debaixo da ponte

segunda-feira, 28 de julho de 2025

Sabor a Sal

Salgado

Não se constrói uma casa pelo telhado... 
mas é, quase sempre, pelo telhado que ela se destrói.

domingo, 27 de julho de 2025

Entre Gaivotas



Tenho uma alma-gaivota que não se confina ao chão
Um coração sempre com sede de ar
Um mar nos olhos que escorre do peito
Em leito de asas feito

É entre gaivotas que a minha alma voa

sábado, 26 de julho de 2025

Pequeno Mundo



Às vezes vem uma tentação de abarcar o mundo com as mãos...

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Onde moram cagarros e ganhoas



Um breve olhar...
para lá do mar... perto da lua. 
Onde moram cagarros e ganhoas... 
sonhos e poemas 
esculpidos em lava 
escorridos no vento 
embrulhados em bruma 
retidos no sentimento.

sábado, 22 de abril de 2023

Quase Oração

Desfilo quase oração

como esteiro enigmático,

claro e escuro,

de ruídos silenciosos,

em que desaguo, tantas vezes,

os rios tempestuosos que me percorrem.

Fragilidade feita força

para que não naufrague o barco

em mares de vagas bravas.


sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

Escuta

O verde quebrado do lago 
Manso e prateado 
Onde mergulho os meus olhos 
Quais asas na brisa pousadas 
Solta silêncios alados 
Ecos perdidos soprados no sol 
Que flores de muitas cores 
Provocam insectos a mirar 
E perfumam de olor e vida e calor 

A voz cala-se às reentrâncias 
Da luz ao bordejar das margens 
Os sons repousam 
E é o silêncio que se faz verbo 
Escuta...

Sssschhiiiiu...! 

 (Poema publicado originalmente a 18/01/2011 no meu blogue Nuvens de Orvalho (apagado), e agora aqui readaptado)

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