Debaixo da ponte correm pedras Natureza morta Que mata Pousio bravo Obstáculo de tropeço e arremesso Oceano irracional Pedestal sombrio Catedral do vazio Abismo Penedos pontiagudos Pedregulhos Areias e Seixos Calhaus Correm pedras debaixo da ponte
Desenho a carvão o negro da terra queimada. Nem lágrimas sobram para te regar Pobre barco encalhado Que não te fizeste ao largo. As cinzas são-te espalhadas em sombras Manchas negras pelos campos Outrora verdejantes Poalha que o tempo almeja reacender em chama viva Mas que a penas alastra como chaga Já sem sangue para verdejar.
Fui perguntar às rochas O que sentem Quando o mar as abraça
Disseram-me Que sentem arrepios molhados Pois que o mar é irrequieto E lhes dá beijos salgados Que ora as veste de espuma branca Ora as despe enamorado
Sentem-se amadas por ele E outras vezes odiadas Quando ele as prende e as força Com os seus braços pesados Sem ter remorso nem dor Em abraços agitados A ceder ao seu amor