quarta-feira, 5 de março de 2025

Sem-fim

A roda da engrenagem não anda, 
Está emperrada. 
Rançou-se, enferrujou.
Foi o tempo, 
Pelas ruas de amargura, 
E a vida grave e pesada, 
Que a amofinaram sem dó, 
Lhe teceram urdidura. 

Não gira, 
Já nem geme 
Pelo ardor da labuta. 
Cala-se, 
E não há lágrima 
Que escorra, 
Que regue o chão.
 
Há palavras que morrem antes de chegarem à garganta, 
Sufocadas em silêncio sem-fim.

13 comentários:

  1. Gostei do poema! Há palavras que não podem sair, caso contrário, é cabeça decepada. Não por serem proibidas mas por serem verdadeiras!

    A vida da engrenagem útil da engrenagem findou, tal como todos nós, um dia!

    Cuida-te

    ResponderEliminar

  2. Que foto maravilhosa. A fazer lembrar a minha terra algures no Ribatejo. Perto da minha casa haviam lá duas geringonças destas que trabalham horas e horas a fio andando dois bois ou duas vacas a caminhar em seu redor fazendo trabalhar as roldanas e puxando a água para fora do poço. Fez-me saudades.
    ~Gostei muito do seu poema. Encerra grandes verdades.
    .
    Cumprimentos
    Cuide-se
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

    ResponderEliminar
  3. Todos somos afetados pela vida. As máquinas não suportam o cansaço de anos e anos. O silêncio vem quando as palavras são desnecessárias para explicar o sentir. Bjs.

    ResponderEliminar
  4. E sem água ficamos à nora...
    Excelente poema, parabéns pelo talento.
    Beijo, querida amiga Fá.

    ResponderEliminar
  5. Um lindo poema...e tão verdade!
    Gostei muito Fá!

    Abraço

    ResponderEliminar
  6. Tantas verdades e que servem para todos nós.

    "Não gira,
    Já nem geme
    Pelo ardor da labuta."

    A vida tem de ser tratada com mais carinho, com mais cuidados...
    Na verdade, damos um enorme valor quando vemos que a vida está por um fio...
    beijo, uma boa semana.

    ResponderEliminar
  7. Palavras para quê?
    Aqui mora a arte em poesia
    aqui mora a música na dor do arado
    aqui mora a nostalgia dos prados .
    Obrigada, Fá!
    Beijoo!

    ResponderEliminar

  8. Foram grandes engenhos, no seu tempo, saberes herdados dos árabes...

    Admirei o funcionamento de algumas, hoje substituídas pwlos motores elétricos...

    Pelos serviços prestados, mereciam ser conservadas... Sorrisos...

    Poema comovente, de saudade...

    Bom fim de semana. Um dia de S Valentim muito feliz. Beijinhos
    ~~~~~~~~~~~~~~

    ResponderEliminar
  9. Água da vida
    abraços

    ResponderEliminar
  10. lindo poema para pensar. Te mando un beso

    ResponderEliminar
  11. Muchos sufre de tantas maneras
    al menos una oración puede ayudar...

    ResponderEliminar
  12. A foto é um instante da vida mesmo

    ResponderEliminar
  13. Retrato de algo que parou no tempo e de nada serve.
    Deixo-lhe meu abraço.

    ResponderEliminar

«a vida, a meu ver, é polarizada entre a prosa – ou seja, as coisas que fazemos por obrigação, que não nos interessam, para sobreviver – e a poesia – o que nos faz florescer, o que nos faz amar, comunicar. E é isso que é importante.»
(Edgar Morin)
.
Leia pf: Indicações sobre os Comentários

poderá também gostar de: