Nas bifurcações do quotidiano há léguas de marés suspensas Papéis em branco Desdobráveis declamados no vento pela rua Ditos em tréguas petrificadas Lâminas a esvair-se languidamente sem nada a desejar
Nas bifurcações do quotidiano Perdemos de vista as galáxias Ensombradas por nuvens imprevisíveis A anos-luz de distância
Há uma Primavera (in)discreta que me espreita à janela Um cálido perfume a nascer dos raios de sol Uma luz serena de realidade donzela Uma sinfonia de cores breves no ar Um convite à utopia no jardim Um reflexo de vida nova a levitar E um sopro de brisa mansa nascente em mim
Verdes são os campos, De cor de limão: Assim são os olhos Do meu coração Quando se deitam em voo planado Como num sonho ou num fado Na toalha estendida Que a brisa ondeia Remanso num sopro de vida No intervalo de um pranto E um banco de areia
Porque há um barco esquecido na praia Amarrado ao lodo do tempo Que já não leva ninguém a pescar À espera da maré Ou do vento Que o faça outra vez navegar
É uma dor sem lamento Um amor ou sentimento Tormento degredo paixão A verdura desses campos Nos olhos do meu coração