Há quem se olhe demoradamente ao espelho... a imagem nele reflectida é que nem sempre corresponderá à realidade. Umas vezes poderá ser deveras favorecida e outras precisamente o contrário... é bom que tenhamos algum cuidado ao analisar a imagem daí resultante.
Não sei o que prende o mar Que movimentos o encerram Para se agitar assim Que tormentos Que sofrimentos tão vis Que lhe arrancam lamentos E o movem a dura servis
Não sei o que o tem cativo Que enleios traz em si…
Nas bifurcações do quotidiano há léguas de marés suspensas Papéis em branco Desdobráveis declamados no vento pela rua Ditos em tréguas petrificadas Lâminas a esvair-se languidamente sem nada a desejar
Nas bifurcações do quotidiano Perdemos de vista as galáxias Ensombradas por nuvens imprevisíveis A anos-luz de distância
Talvez um caminho se escreva nas pétalas da manhã Talvez um caminho se abra nas asas do arvoredo Talvez um caminho siga nos trilhos do vento cantante Talvez as águas ciciantes se lembrem de me sussurrar o caminho
Há uma Primavera (in)discreta que me espreita à janela Um cálido perfume a nascer dos raios de sol Uma luz serena de realidade donzela Uma sinfonia de cores breves no ar Um convite à utopia no jardim Um reflexo de vida nova a levitar E um sopro de brisa mansa nascente em mim
Debaixo da ponte correm pedras Natureza morta Que mata Pousio bravo Obstáculo de tropeço e arremesso Oceano irracional Pedestal sombrio Catedral do vazio Abismo Penedos pontiagudos Pedregulhos Areias e Seixos Calhaus Correm pedras debaixo da ponte