domingo, 1 de setembro de 2024
Tão Mar
Há distâncias forjadas
Tão mar
Habitáculos de cardos
E ervas salgadas
Águas em fogo
Areias de gelo
Pássaros calados
Tão noite
Tão sede
Tão saudade…
Mas haverá ainda manhãs
Tão mar
De sítios tranquilos
Radiantes
De flores
E perfumes.
E das pedras sairão fontes
Onde os pássaros feridos
Se hão-de banhar.
sábado, 22 de abril de 2023
Quase Oração
Desfilo quase oração
como esteiro enigmático,
claro e escuro,
de ruídos silenciosos,
em que desaguo, tantas vezes,
os rios tempestuosos que me percorrem.
Fragilidade feita força
para que não naufrague o barco
em mares de vagas bravas.
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023
Escuta
O verde quebrado do lago
Manso e prateado
Onde mergulho os meus olhos
Quais asas na brisa pousadas
Solta silêncios alados
Ecos perdidos soprados no sol
Que flores de muitas cores
Provocam insectos a mirar
E perfumam de olor e vida e calor
A voz cala-se às reentrâncias
Da luz ao bordejar das margens
Os sons repousam
E é o silêncio que se faz verbo
Escuta...
Sssschhiiiiu...!
(Poema publicado originalmente a 18/01/2011 no meu blogue Nuvens de Orvalho (apagado), e agora aqui readaptado)
terça-feira, 30 de agosto de 2022
Petrificação
Rosto toldado
Olhar branco
Praia selvagem
Beleza ferida
De céu nublado
Gritos mudos
Sombra agreste
Muro que barra passagem
Horizonte magoado
Breve aragem levadiça
Porta ao fundo quebradiça
Interior incerteza
Chuva sedenta de pão
Vento espelhado na alma
Pardacenta noite de verão
Embaciados sentidos
Passos colados ao chão
...
Revoltem-se as águas
Reme-se contra a maré
E novos horizontes nasçam
sábado, 1 de janeiro de 2022
Navegar é necessário
in: Horta, Faial
Viver não é perfeito
Nem claro
É tantas vezes com defeito
E bem turvo e escuro
Há que saber levar o barco direito
Aprendendo bem a remar a porto seguro
Para que não oscile demasiado e nos afunde
Pois é frágil a embarcação
Em mares de altas e bravas vagas
Que a podem fazer soçobrar
E caudalosos são os rios que nos percorrem
Desaguando em maré escura
Que pinta de noite a praia
Dor a acordar da inocência dos barcos de papel
Mas que não se esquivem os sonhos
Alavancas que nos desencravam as engrenagens maltratadas pela vida
Viver não é perfeito
Nem claro
É tantas vezes com defeito
E bem turvo e escuro
Há que saber levar o barco direito
Aprendendo bem a remar a porto seguro
Para que não oscile demasiado e nos afunde
Pois é frágil a embarcação
Em mares de altas e bravas vagas
Que a podem fazer soçobrar
E caudalosos são os rios que nos percorrem
Desaguando em maré escura
Que pinta de noite a praia
Dor a acordar da inocência dos barcos de papel
Mas que não se esquivem os sonhos
Alavancas que nos desencravam as engrenagens maltratadas pela vida
Navegar é necessário
terça-feira, 5 de outubro de 2021
De um lado ao outro
Cai o olhar
no vazio do além
e soluça-se no respirar do gosto
feito prazer de um estar presente
contente por se sentir
ainda um pouco acompanhado
perdendo-se entre poesia
de um e de outro lado
sábado, 21 de agosto de 2021
Por debaixo do pano
Melhor seria que a máscara que cobre a boca
a cerrasse a palavras vozeiras,
useiras e vezeiras,
ocas e interesseiras,
palermas ou arteiras;
que vêm confundir como bebedeiras
as sadias e boas maneiras.
quarta-feira, 2 de junho de 2021
Vácuo
Só o vazio do espaço por contar
Nem brisa
Nem aves
Só um manto de silêncio sem dor
Nem tristeza
Nem alegria
Nem fadiga
Só a lembrança vadia sem tortura
Nem nuvem
Nem tormenta
Nem maré
Nem barca
Nem remo
Só a sede da vela ao longe por erguer
Sem praia
Sem rio
Sem fonte
Só o vácuo do vento na torneira por abrir
E fechar
(Poema publicado originalmente a 18/08/2012 no meu blogue Nuvens de Orvalho (apagado), e aqui agora readaptado)
Nem brisa
Nem aves
Só um manto de silêncio sem dor
Nem tristeza
Nem alegria
Nem fadiga
Só a lembrança vadia sem tortura
Nem nuvem
Nem tormenta
Nem maré
Nem barca
Nem remo
Só a sede da vela ao longe por erguer
Sem praia
Sem rio
Sem fonte
Só o vácuo do vento na torneira por abrir
E fechar
(Poema publicado originalmente a 18/08/2012 no meu blogue Nuvens de Orvalho (apagado), e aqui agora readaptado)
domingo, 25 de abril de 2021
Luz, cor e luar
quando os muros são pesados
tantas vezes sangramos
sem forças para achar uma abertura
mas há que erguer a cabeça
bem acima
dos muros que se levantam,
esculpir poesias com o olhar,
espalhá-las pelos mares que nos corroem a alma
e ser luz, cor e luar
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