quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

De um lado ao outro

Cai o olhar 
no vazio do além 
e soluça-se no respirar do gosto 
feito prazer de um estar presente 
contente por se sentir 
ainda um pouco acompanhado 
perdendo-se entre poesia 
de um e de outro lado

sábado, 22 de abril de 2023

Quase Oração

Desfilo quase oração

como esteiro enigmático,

claro e escuro,

de ruídos silenciosos,

em que desaguo, tantas vezes,

os rios tempestuosos que me percorrem.

Fragilidade feita força

para que não naufrague o barco

em mares de vagas bravas.


sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

Escuta

O verde quebrado do lago 
Manso e prateado 
Onde mergulho os meus olhos 
Quais asas na brisa pousadas 
Solta silêncios alados 
Ecos perdidos soprados no sol 
Que flores de muitas cores 
Provocam insectos a mirar 
E perfumam de olor e vida e calor 

A voz cala-se às reentrâncias 
Da luz ao bordejar das margens 
Os sons repousam 
E é o silêncio que se faz verbo 
Escuta...

Sssschhiiiiu...! 

 (Poema publicado originalmente a 18/01/2011 no meu blogue Nuvens de Orvalho (apagado), e agora aqui readaptado)

terça-feira, 30 de agosto de 2022

Petrificação


Rosto toldado 
Olhar branco 
Praia selvagem 
Beleza ferida 
De céu nublado 

Gritos mudos 
Sombra agreste 
Muro que barra passagem 
Horizonte magoado 
Breve aragem levadiça 
Porta ao fundo quebradiça 
Interior incerteza 
Chuva sedenta de pão 
Vento espelhado na alma 
Pardacenta noite de verão 
Embaciados sentidos 
Passos colados ao chão 
...

Revoltem-se as águas 
Reme-se contra a maré 
E novos horizontes nasçam

(Poema publicado originalmente a 17/04/2012 no meu blogue Nuvens de Orvalho (apagado), e aqui agora readaptado)

sábado, 1 de janeiro de 2022

Navegar é necessário

      in: Horta, Faial
Navegar é necessário

Viver não é perfeito
Nem claro
É tantas vezes com defeito
E bem turvo e escuro

Há que saber levar o barco direito
Aprendendo bem a remar a porto seguro
Para que não oscile demasiado e nos afunde

Pois é frágil a embarcação
Em mares de altas e bravas vagas
Que a podem fazer soçobrar

E caudalosos são os rios que nos percorrem
Desaguando em maré escura
Que pinta de noite a praia
Dor a acordar da inocência dos barcos de papel

Mas que não se esquivem os sonhos
Alavancas que nos desencravam as engrenagens maltratadas pela vida

Navegar é necessário

domingo, 25 de abril de 2021

Luz, cor e luar

quando os muros são pesados 
tantas vezes sangramos 
sem forças para achar uma abertura 

mas há que erguer a cabeça 
bem acima dos muros que se levantam, 
esculpir poesias com o olhar, 
espalhá-las pelos mares que nos corroem a alma 
e ser luz, cor e luar

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Corpos perdidos de nós


Há dores enormes, do tamanho de um coração grande, que amargam e galgam as margens do peito, transbordando borda fora do corpo e da alma, para lá da cama, para além de todos os sentires...

Por vezes estamos assim, corpos perdidos de nós...

sábado, 19 de outubro de 2019

Atravessar a dor

atravessar a dor

Um assalto no caminho
Uma surpresa
Uma dor

Uma caverna escura
Um cárcere

E eu rendo-me 
Ou pelejo?
Será que ensaio uma fuga...
Que faço?...

Do lado de lá
Há mais vida
Colorida
Um horizonte de mar

E a dor é só uma passagem

Que urge atravessar

terça-feira, 27 de agosto de 2019

Sabor a Sal

Salgado

Não se constrói uma casa pelo telhado... 
mas é, quase sempre, pelo telhado que ela se destrói.

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